
Ter uma boa autoestima pode aumentar sua qualidade de vida e sua relação consigo mesma. Os procedimentos estéticos tem diversas funcionalidades, dentre elas o aumento da autoestima. Porém, e quanto aos possíveis prejuízos dos excessos destes procedimentos? Muitas vezes, acabamos os ignorando.
Socialmente, construímos e mantemos um padrão de beleza praticamente inalcançável (e quando alcançável, o é às custas de perdas): a beleza da eterna juventude e do antienvelhecimento. Envelhecer naturalmente é praticamente uma ofensa para a mulher, pois ela recebe diversas e contínuas críticas sobre sua aparência e seu lugar no mundo.
O Brasil é o 2º país do mundo com maior taxa de realização de procedimentos estéticos, incluindo cirurgias plásticas, ficando atrás somente dos Estados Unidos. A busca por esses procedimentos inicia-se cada vez mais cedo na vida das jovens, muito pela mulher comparar-se com outras mulheres nas redes sociais. Entretanto, a busca excessiva e cada vez mais cedo por esses procedimentos pode trazer riscos à saúde.
Na dimensão da saúde mental, a comparação com o outro pode não ter fim uma vez que sempre surgem novos e mais tecnológicos recursos de alteração da aparência da mulher, e as redes sociais alimentam a sua comparação com outras mulheres. Socialmente, a mulher recebe maior valor quando tem alguns atributos, como beleza dentro dos padrões estipulados socialmente. E caso venha a perder isso, como com o envelhecimento natural do ser humano, esse valor socialmente atribuído à ela poderá diminuir, emergindo críticas e julgamentos. Isso pode ser fonte de grande medo e ansiedade na pessoa, buscando sempre recorrer aos procedimentos estéticos como recurso evitativo desse fenômeno.
Os procedimentos estéticos em excesso também alimentam uma idealização de si mesma, a busca pela perfeição, a qual nunca chegará, pois a realidade sempre será diferente (mesmo em parte) do que foi idealizado. Também é mais fácil imaginar sua autoimagem ideal do que concretizá-la, pois os procedimentos estéticos podem trazer efeitos adversos e altos gastos financeiros, o que contribui para a frustração da mulher sobre a sua aparência e consequentemente sobre seu valor no mundo. Para tentar “consertar” isso, ela poderá recorrer mais uma vez a novos procedimentos estéticos, o que gera uma busca circular (como “bola de neve”) pela perfeição que nunca é realmente alcançada.
Todo esse processo por fazer emergir sintomas de ansiedade, depressão, distorção corporal e de imagem, transtornos alimentares, estresse e baixa autoestima. Viver tudo isso pode ser um caminho árduo e até solitário, pois muitas vezes sua rede de apoio pode não compreender o que você está passando. A psicoterapia pode ser um espaço de compreensão, acolhimento, ressignificação e transformação, em busca de diminuir os prejuízos emocionais e aumentar sua qualidade de vida.
Referências:
Reportagem CNN. Acesso em: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/especialistas-apontam-riscos-do-exagero-de-procedimentos-esteticos-em-jovens/
Reportagem Jornal USP. Acesso em: https://jornal.usp.br/atualidades/cresceu-mais-de-140-o-numero-de-procedimentos-esteticos-em-jovens-nos-ultimos-dez-anos/




